Há 26 anos sinto a dor das paulistanas e dos paulistanos. Como jornalista, retrato as mazelas e os desafios enfrentados na vida cotidiana das pessoas, sobretudo as mais pobres, que vivem na nossa metrópole.
São Paulo é maravilhosa e diversa, mas profundamente injusta. Na terra das oportunidades, na capital cosmopolita, a vida é muito mais dura dependendo do CEP. O preço de viver aqui é muito caro para quem vive nas periferias.
A decisão da minha candidatura está diretamente relacionada com essa constatação. Mas também porque percebi que meu trabalho, denunciando toda essa injustiça, apesar de importante, sozinho é insuficiente para contribuir para reverter esse quadro.
É preciso converter meu diagnóstico e alerta sobre o estado de coisas que oprime nossa cidade e as profundas injustiças que assolam nossa população em ação concreta da prefeitura. Não dá mais para conviver com uma prefeitura rica, terceiro maior orçamento do Brasil, com um povo pobre. Não é que o rico, que contribui com impostos, não mereça serviços públicos de qualidade, mas o pobre precisa de ainda mais atenção e trabalho. É esse meu compromisso, e será a prioridade absoluta no meu governo. Quero, acima de tudo, colocar essas pessoas que mais precisam dentro da maior parte do orçamento municipal.
A ameaça de infiltração do crime organizado no governo está extrapolando de lenda urbana para sinais evidentes de contaminação. As investigações em curso estão caminhando, muito mais do que meros indícios, na direção de provas efetivas dessa relação promíscua e alarmante. É preciso dar um basta nisso antes que seja tarde demais.
De outro lado, os políticos tradicionais, na ânsia de construir acordos e garantir a tal governabilidade, vão se curvando e fazendo vista grossa a essa triste realidade. É preciso independência e coragem para colocar um freio nisso.
Sou movido a desafios. Já conquistei tudo que podia em minha carreira de jornalista. Ganhei dois Prêmios Herzog por denunciar a fome e o trabalho infantil. Trabalhei nas principais emissoras de televisão do país. Fui por muitos anos líder de audiência. Ajudei a desbaratar muitos esquemas de corrupção, denunciei quadrilhas, fortaleci as polícias, mostrei a falta de qualidade dos serviços públicos na maior cidade de nosso país. Contribuí, da minha forma, para combater as injustiças sociais. Me sinto preparado para, agora, mudar de trincheira, mas continuar minha batalha pelos que mais precisam da proteção do Estado.
Não tenho rabo preso com ninguém, tenho a distância necessária do mundo político e a coragem de defender São Paulo diante de tantas ameaças. Para colocar a cidade nos trilhos, na direção de mais justiça social, igualdade de oportunidades, respeito a todas as pessoas, independentemente das opções e dos caminhos que escolham. Ajudar a construir uma cidade que seja mais segura, justa e acolhedora. Onde o caminho do bem seja trilhado pelos cidadãos e as famílias se sintam protegidas. Sei que não tenho todas as respostas. Mas tenho humildade para trabalhar em conjunto com os melhores quadros, independentes de partido, para ajudar nossa cidade a nos dar orgulho de novo. Falta esperança ao nosso povo.
Tenho por princípio um estilo diferente de ser do que os que comungam das regras da política tradicional. Prefiro dizer não para aquilo que não posso prometer do que enrolar as pessoas falando aquilo que for necessário para agradar. É preciso mudança e a cidade clama por isso.
Tenho um compromisso com a verdade. Também acho atrasada e retrógrada essa história de abandonar obras e políticas públicas só porque outro começou. O que é bom para o povo, a gente tem obrigação de continuar e melhorar.
Cada dia tenho aprendido mais nesse processo de campanha. E quero converter toda a indignação que sinto em energia para transformar a vida das pessoas em algo melhor.
Podem ter certeza: no nosso governo ninguém vai se sentar em banco de ônibus de empresa suspeita de ligação com crime organizado. Vamos passar a limpo nossa cidade e rever todos os contratos para ter certeza de que nenhum bandido, quadrilha ou facção criminosa esteja infiltrado nos serviços públicos lavando dinheiro do tráfico de drogas, armas e animais silvestres com recursos dos contribuintes paulistanos. Isso nos envergonha e precisa parar. A hora é agora!
Nossas prioridades estão expressas nessas diretrizes e são objetivas, diretas, de certa forma até singelas, mas que tenho certeza do seu cumprimento. Ninguém aguenta mais a irresponsabilidade do mundo político de prometer qualquer coisa e não honrar.
Como candidato da federação PSDB-Cidadania tenho a obrigação inicial de honrar os compromissos públicos assumidos pelo prefeito Bruno Covas e que, infelizmente, o atual prefeito só cumpriu a metade. Respeitar seu legado e sua memória passa por colocar todos os seus compromissos em prática. Não vamos, em nenhum momento, usar seu nome. Ele não está mais aqui. Ninguém pode falar por ele. Nos resta respeitar seus compromissos. E isso nós vamos fazer.
Quero garantir a todos uma cidade mais segura e acredito ser o candidato mais preparado e experiente para essa tarefa. Vamos para cima. Parceria com as polícias, inteligência, coragem: não vamos dar moleza para vagabundo que acha que pode tomar as ruas do seu verdadeiro dono, que é o povo de São Paulo.
Vamos trabalhar desde o primeiro dia para melhorar a saúde e diminuir a vergonhosa fila de quase meio milhão de concidadãos que esperam para marcar seus exames e consultas com especialistas. Me comprometo, desde já em, sendo prefeito, somente utilizar os serviços de saúde do SUS do município, respeitando sua fila, para mover o sistema na direção de um atendimento de excelência e dar o exemplo. Isso não é promessa, é a minha palavra.
Vamos fazer nossa educação melhorar e o foco principal é a qualidade. Alfabetizar as crianças até os 8 anos será nossa obsessão. Isso é o que permite, de forma definitiva, dar ao filho do pobre as mesmas oportunidades do filho do rico. Se São Paulo conseguiu, pelas mãos do Bruno Covas, eliminar a fila de espera de creche e pré-escolas, temos de ser capazes de tornar nossa educação referência em desempenho. Recursos não faltam, mas falta vontade política. Onde houver experiências de sucesso, vamos atrás. O que é bom e funciona deve ser copiado e adaptado para o bem das pessoas.
Outra coisa importante é o respeito às pessoas, algo que a polarização que assola a política tem contribuído muito para solapar, ao disseminar o ódio ao invés da tolerância. Não suporto injustiças e preconceitos, de todos os tipos. Combater o racismo que existe na nossa cidade e no nosso país é algo determinante. Garantir as liberdades, o direito de ir e vir, de professar qualquer fé, de ser da forma como quiser e ser respeitado por isso tem de ser uma virtude e um valor da nossa cidade.
Alguns irão dizer que no meu programa faltam números, metas que sirvam como promessas em palanques. Eu respondo: têm razão. Evitei estipular metas quantitativas e optei por assumir firmes compromissos baseados em valores e princípios por uma razão muito simples: despejar números e dados sobre os eleitores é a forma mais eficaz de tentar ludibriar a população. Eu preferi ser transparente e honesto, coerente com minha vida e com meu jeito de ser.
Esse programa de diretrizes de governo resume nossa crença e nossas ideias para São Paulo. A essas se somarão aquelas que a população e os técnicos forem me oferecendo nessa caminhada. Obra fechada é texto literário. Programa de governo é dinâmico e aberto o suficiente para respeitar evidências, corrigir rumos e incorporar o que for bom para o povo.
Afinal, o povo é o verdadeiro dono de São Paulo. E, comigo, ele vai voltar ao poder, ocupando a principal cadeira do quinto andar do edifício da Prefeitura no Viaduto do Chá.
Vamos para cima, São Paulo! Com independência e coragem para mudar para valer a nossa cidade.
José Luiz Datena
Prefeito – 45